ViaMobilidade reterá trens da CPTM devido ao atraso nas entregas da Série 8900 da Alstom

A ViaMobilidade, operadora dos trens das Linhas 8 e 9, deveria se preparar para em breve iniciar a devolução de algumas composições emprestadas pela CPTM, começando pela Série 8500, a mais moderna em operação nos ramais. No entanto, isso não deve ocorrer.

Em comunicado enviado ao site, a concessionária confirmou que irá reter os trens da CPTM por mais tempo por conta do atraso na entrega das composições da Série 8900, fabricadas pela Alstom. Até o momento, apenas um trem foi recebido.


O contrato de concessão estabelece que a partir do 23º mês após a assinatura do contrato, que ocorreu em 30 de junho de 2021, as primeiras composições em caráter de empréstimo devem voltar para a estatal.

O cronograma estabelecido indica que os trens da série 8500 terão prioridade na devolução, seguido das composições da série 7500 e por fim algumas unidades da série 7000. Estas duas últimas deverão ser entregues após a realização das revisões de nivel F.

O prazo para o retorno dos primeiros dois trens da Série 8500 trens seria o dia 30 de maio. A concessionária, no entanto, admite que isso dificilmente irá ocorrer. “A ViaMobilidade tem ciência da possibilidade de atraso na entrega dos novos trens adquiridos da fabricante, em razão de dificuldades enfrentadas por conta da falta de componentes eletrônicos que vem afetando o setor ferroviário brasileiro e mundial, assim como outras indústrias, como o automobilística.”

Com apenas uma composição da série 8900 em teste, a retirada de dois trens colocaria a ViaMobilidade déficit de uma composição em sua frota. Aparentemente isto não é tão ruim, se não se tratasse da retirada de trens com alta confiabilidade.

Outra questão é a incerteza da chegada de novos trens. A Alstom parou de enviar trens para a ViaMobilidade que não recebeu composições em março e abril, como se esperava. Esse atraso, independente dos motivos alegados, vai prejudicar a operadora que poderá estar sujeita a multas.


Caso a ViaMobilidade cumpra o contrato e entregue os trens pontualmente, irá desfalcar a própria frota de trens. Isso vai gerar ainda mais pressão sobre as equipes de manutenção, quee deverão redobrar os trabalhos para garantir o aumento de confiabilidade da frota remanescente.

Por outro lado, caso a concessionária descumpra o cronograma contratual, estará sujeita a multas de R$ 500 mil por mês, chegando a R$ 1 milhão em caso de reincidência. 


Cronograma já atrasado

O cronograma de entrega de trens já está completamente atrasado. A previsão da chegada da primeira composição, que era prevista para dezembro de 2022, só ocorreu dois meses depois, em fevereiro deste ano. A ViaMobilidade e a Alstom tinham ciência do cronograma oficial, tanto que assinaram o contrato em fevereiro de 2021, antes mesmo do leilão de concessão das Linhas 8 e 9.


A partir da primeira entrega eram esperadas a entrega de um novo trem no mês seguinte, duas composições no terceiro mês e por fim três composições mensais até o fim das entregas.

Segundo o cronograma estabelecido em contrato, em abril de 2023 a ViaMobilidade deveria ter recebido 10 composições, sendo que duas delas já deveriam estar liberadas para operar nas Linhas 8 e 9 e as demais estariam em fase de comissionamento.



Diante de um cronograma apertado e das aparentes dificuldades da Alstom com fornecedores de componentes, a ViaMobilidade encontra-se em um dilema operacional. Ou cumpre o contrato  sob o risco de manter sua frota operacional desfalcada, ou corre-se o risco de pagar multas milionárias para manter a operação estável.

Ainda em nota a concessionária afirma que manterá a frota de trens e que realizará a reforma naqueles que serão devolvidos ao estado:

“Para manter o serviço de transporte, de forma a não trazer impactos aos clientes, a quantidade de trens na frota das linhas 8-Diamante e 9-Esmeralda será mantida até a entrega das novas composições.

A ViaMobilidade cumpre todas as responsabilidades e requisitos previstos no contrato de concessão. A concessionária reforça também que mantém o compromisso de atuar na reforma completa dos trens que serão devolvidos ao poder concedente, conforme previsto em contrato.”

Vimos no Metrô/CPTM
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