A jovem ainda não tem carteira de motorista e usa o horário da manhã para estudar para o vestibular
Com apenas 19 anos e cara de menina, Júlia Silvério exerce há dois meses
a função de maquinista na Companhia Paulista de Trens Metropolitanos
(CPTM). “Nos primeiros dias, os outros operadores perguntavam se eu era
filha de alguém”, diverte-se a garota, que atua em trajetos entre a
capital e o Aeroporto de Guarulhos, principalmente na Linha 13-Jade.
Júlia também se destaca por integrar a parcela de apenas 5% de mulheres
que assumem esse cargo. Sua história nos trilhos começou no fim do
ensino médio, em 2017.
Após a separação dos pais, ela decidiu entrar no mercado de trabalho,
viu um anúncio no mural de uma estação e acabou indo parar no curso
técnico do Senai de manutenção de linhas férreas. “Depois de seis meses,
percebi que aquilo não era para mim e desisti”, conta. Durante o
período de indecisão, ouviu dos professores que seriam abertas as
inscrições de um concurso para maquinistas. Tentou a sorte e garantiu
sua vaga.
Em meados do ano passado, Júlia iniciou o treinamento para dirigir as
locomotivas, que atingem até 90 quilômetros por hora, levam centenas de
passageiros e pesam, em média, 200 toneladas. Ali, ela precisa controlar
por meio de um grande painel a frenagem dos vagões, ficar atenta a
obstáculos na pista e saber orientar os passageiros em caso de pane
elétrica, por exemplo. “Antes tinha medo, não sei nem dirigir carro”,
diz. A capacitação de cinco meses, porém, fez o receio sumir.
“A primeira vez em que pilotei sem um supervisor foi inesquecível.”
Moradora do bairro de Artur Alvim, Júlia começa sua jornada na Estação
Engenheiro Goulart, na Zona Leste, geralmente às 13 horas. “Às vezes,
percebo que alguns passageiros estranham ao me ver na cabine.” A jovem
aproveita as manhãs livres para tentar passar no vestibular. “Quero
entrar em direito.”
Vimos na Veja São Paulo
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