Sistema de transportes em São Paulo enfrenta problemas financeiros e de
gestão. Se PLR atrasar ou for parcelada, motoristas e cobradores podem
parar, diz Sindicato. Foto: Estadão Conteúdo.
O paulistano pode enfrentar greve de ônibus a partir do dia 1º de
setembro, segundo o Sindicato dos Motoristas e Trabalhadores em
Transporte Rodoviário Urbano de São Paulo – Sindmotoristas.
De acordo com a entidade, o motivo é que as empresas de ônibus querem
parcelar em três vezes a PLR – Participação nos Lucros e Resultados,
definida em campanha salarial no mês de maio.
Nesta segunda-feira, 22, o presidente do Sindmotoristas, Valdevan
Noventa, deve em coletiva às 11h na sede da entidade, dar detalhes sobre
os rumos do movimento.
Durante a campanha, nos dias 18 e 19 de maio, houve paralisações entre uma e duas horas nos terminais de ônibus da cidade.
Por meio do SPUrbanuss, que é o Sindicato das Empresas de Transporte
Coletivo Urbano de Passageiros de São Paulo, as companhias do
subsistema estrutural (linhas e ônibus maiores) alegaram que não têm
condições de realizar o pagamento à vista e que a prefeitura de São
Paulo deve em torno de R$ 100 milhões em repasses atrasados pelos
serviços prestados.
O sindicato patronal enviou na última terça-feira, 16 de agosto, um
comunicado ao sindicato dos trabalhadores explicando dificuldades das
companhias e diz que “a inadimplência verificada por parte do contratante [Prefeitura] dos serviços já atinge, hoje, mais de R$ 100 milhões”.
O presidente do Sindmotoristas, Valdevan de Jesus Santos, o Noventa,
disse que a categoria não aceita o parcelamento e que se não houver um
acordo até o dia 31 deste mês, em 1º de setembro os ônibus em São Paulo
devem parar.
O Blog Ponto de Ônibus consultou nesta sexta-feira, 19 de agosto de 2016, a planilha da Conta- Sistema dos transportes em São Paulo.
A dívida acumulada da Secretaria Municipal de Transportes com o sistema ultrapassa R$ 133 milhões.
Já a dívida com as empresas de ônibus é de R$ 130 milhões, sendo que
R$ 86 milhões para as viações do subsistema estrutural e R$ 43 milhões
às empresas que surgiram das cooperativas e operam no subsistema local,
as antigas lotações.
Os valores devidos para as empresas dos dois subsistemas são
correspondentes ao período entre 4 e 11 de agosto. Os repasses são
sempre feitos entre 5 e 8 dias após o serviço prestado – a mudança da
fórmula tem sido gradual.
O presidente do SPUrbanuss, Francisco Christovam, disse ao Blog Ponto de Ônibus,
por telefone nesta sexta-feira, que o problema em relação aos repasses
das complementações (subsídios pelas gratuidades, por exemplo) por parte
da Secretaria Municipal de Transportes já vem se arrastando desde os
primeiros meses do ano.
“As empresas de ônibus de São Paulo não estão quebradas. Quando
esse problema começou, as empresas foram aos bancos e buscaram no
mercado [financeiro] os recursos necessários até a prefeitura realizar
os depósitos. Mas a bola de neve foi aumentando, o valor foi aumentando
com tempo. Não é justo que os trabalhadores paguem por essa situação,
nós não queremos isso. A situação é delicada e envolve pessoas, não tem
como tratar com frieza” – disse o executivo. “É sempre
importante destacar que esses complementos não são para as empresas de
ônibus, mas sim para os passageiros que usam os direitos de gratuidades,
descontos e também o bilhete único nas modalidades temporais, que não
tiveram reajustes nos valores da passagem. É um benefício ao passageiro
que é transportado pelas empresas” – complementa.
Segundo presidente do SPUrbanuss, Francisco Christovam, a Secretaria
de Finanças informou que só existem R$ 10 milhões programados até o
final deste mês para as complementações.
Os repasses programados são de entorno de R$ 180 milhões mensais.
Ele também afirmou que as empresas de ônibus apresentaram propostas
para reduzir os custos do sistema de maneira rápida, como racionalização
de linhas e transferências de veículos de itinerários com menos demanda
para trajetos onde a lotação é superior, para aumentar a produtividade
de cada ônibus, mas segundo Francisco Christovam, a SPTrans ainda não
deu nenhuma resposta às propostas.
Em longo prazo, as empresas de ônibus, segundo o representante, propõem mudanças estruturais.
A Secretaria Municipal de Transportes contratou para a formulação da
rede que deve constar nos editais de licitação do sistema, que estão
sendo refeitos por recomendação do TCM – Tribunal de Contas do
Município, a empresa Oficina Consultores.
Já o SPUrbanuss contratou a Logit Engenharia Consultiva e apresentou os estudos ao poder público com resultados diferentes.
“No curto prazo para resolver essa questão, o jeito é negociar e
fazer as mudanças propostas, mas é necessário que haja medidas
estruturais para evitar novamente problemas como estes” disse Christovam em entrevista ao Blog Ponto de Ônibus.
Em nota ao Blog Ponto de Ônibus, a Secretaria de Transportes informou que “A SPTrans vem cumprindo normalmente os contratos firmados com as operadoras.”
OFÍCIO DAS EMPRESAS DE ÔNIBUS PARA SINDICATO DOS TRABALHADORES
Vimos no Blog Ponto de Ônibus
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