De acordo com Jilmar Tatto, objetivo é evitar “gastos desnecessários” Categoria diz que profissional é essencial
A prefeitura de São Paulo vai insistir na Justiça para que não haja
mais a obrigatoriedade da presença de cobradores nos ônibus da cidade,
incluindo o sistema estrutural, que conta com veículos maiores, previsto
na licitação dos transportes.
De acordo com a administração municipal, hoje em torno de 90% das
passagens são pagas com Bilhete Único e a presença dos cobradores gera
um impacto de R$ 0,60 na tarifa atual de R$ 3,50 e um custo de R$ 1,2
bilhão por ano, o equivalente a 17% dos gastos do sistema.
O projeto inicial do prefeito Fernando Haddad é retirar os cobradores
dos ônibus em sistemas de BRT, corredores mais modernos e completos de
ônibus. Mas apenas o corredor do Expresso Tiradentes é BRT, contando
inclusive com a cobrança antecipada de passagens nas estações. O chamado
pré-embarque, que é o pagamento da tarifa antes de o passageiro entrar
no ônibus, é uma das principais características dos BRTs – Bus Rapid
Transit.
Os projetos de corredores de ônibus não avançam em São Paulo, mas a
disputa judicial tem vários capítulos e a retirada dos cobradores, pelo
que a prefeitura propõe, pode começar antes que a operação dos
corredores.
O Sindimotoristas, sindicato dos motoristas e cobradores de ônibus,
diz que deve realizar manifestações e até greves para evitar a dispensa
dos profissionais, além de continuar a briga na Justiça. O presidente do
Sindimotoristas, Valdevan Noventa, falou com o Blog Ponto de Ônibus
sobre o assunto. veja no link: http://wp.me/p18rvS-5np
Segundo o sindicato, apesar de a bilhetagem eletrônica corresponder à
maioria dos pagamentos, o cobrador é indispensável porque não atua
apenas no recebimento do dinheiro, mas auxilia o motorista no
atendimento a pessoas com deficiência, idosos, em manobras mais difíceis
cuja visibilidade é restrita por causa dos “pontos cegos” dos ônibus
devido ao tamanho e a retirada do cobrador significaria excesso de carga
de trabalho para o motorista, além de desvios e acúmulos de funções.
Hoje na cidade existem em torno de 18 mil cobradores, que podem perder o emprego.
Mas para o secretário municipal de transportes, Jilmar Tatto, em
entrevista à Folha de São Paulo, os profissionais podem ser aproveitados
em outras funções dentro dos transportes. Tatto disse que a
rotatividade destes funcionários é grande e eles não precisariam ser
repostos, no entanto, não comentou como ficaria a categoria com a
diminuição de quase dois mil ônibus que deve ocorrer com a licitação dos
transportes.
Tatto ainda afirmou que a retirada dos cobradores, em suas palavras, é
para evitar “gastos desnecessários” e que um dos objetivos é tirar o
dinheiro de circulação dos ônibus. Os cartões com poucos créditos, que
seriam usados por quem não possui Bilhete Único, devem ser vendidos em
estabelecimentos comerciais, como ocorre em outras cidades, obviamente
menores que São Paulo.
O secretário, no entanto, defende a presença de um profissional além
do motorista em ônibus grandes como superarticulados e biarticulados.
Tatto ainda disse que a retirada dos cobradores pode reduzir pela
metade os subsídios pagos às empresas de ônibus, que estão em torno de
R$ 1,9 bilhão.
Em 2014, a base aliada do prefeito Fernando Haddad na Câmara
Municipal fez uma manobra e junto com o projeto sobre parcelamento de
dívidas do ISS e IPTU conseguiu derrubar a obrigatoriedade dos
cobradores. Foi a última sessão daquele ano.
O Sindimotoristas entrou na Justiça e ganhou parcialmente. Ainda não houve julgamento do mérito.
Foram quatro recursos de Haddad que foram derrotados para já aplicar o fim da obrigatoriedade dos cobradores.
O caso chegou ao Supremo Tribunal Federal, mas em outubro, o ministro
Gilmar Mendes, entendeu que o mérito ainda deve ser julgado por
instâncias anteriores antes de chegar ao STF.
Não há data para o julgamento final.
Vimos no Blog Ponto de Ônibus
Nenhum comentário:
Postar um comentário